Alimentar para transformar

Participantes Mulheres Tomates 2019 NUTS

Hoje é Dia da Alimentação e não poderíamos deixar passar a ocasião sem deixar algumas notas sobre o impacto da Alimentação nas nossas vidas. Há uns anos atrás decidimos dedicar-nos de corpo e alma à comunicação e promoção do Alimento, e de tudo aquilo que lhe está associado. Com a NUTS Branding nasceu uma “pequena loucura”, que todos os dias ganha mais e mais sentido.

 Alimentação rima com sustento, com saúde, com bem-estar, com relações humanas, com civismo (a educação para o respeito do alimento está na ordem do dia). Mas também com criatividade, com solidariedade e com a sustentabilidade do Planeta. Nada há de mais holístico que o Alimento.

 No passado dia 3 de outubro tivemos a oportunidade de promover mais uma edição de “Mulheres com Tomates”, onde o tema foi a Mesa como meio de transformação social. E a ele se associaram várias Instituições, Chefs, Empresários, Produtores e Consumidores, mas também Produtos e Marcas que estão diariamente nas nossas mesas, alinhadas na forma de pensar o Alimento – com respeito por quem cultiva, por quem cuida, mas também por quem transforma e promove.

 

O Esporão é bem a prova de que “devagar se vai longe” ou “com vagar se vai longe”, diríamos melhor. É que o alimento não é apenas o que vemos no prato. É mais. É muito mais. É gente que se entrega à dureza do trabalho do campo. É gente que controla os processos para que a genuinidade do produto - seja vinho, seja azeite - chegue em perfeitas condições à mão do consumidor. É muito amor. Com tempo. E escuta dos outros e da Natureza.

 

E quando falamos de mãe Natureza, falamos de ir à raiz, ao essencial, à semente. Foi a essa profundidade que chegámos. Às grainhas dos relacionamentos, das emoções, da comunicação que à mesa não precisa de palavras. Mas apenas de gestos, saberes e sabores. E como saboreámos cada momento e cada testemunho!

 

Ajuda com gosto, foi a frase que nos levou à marca de tomate que abraçou de imediato esta causa da Alimentação para a transformação, com sabor. A Guloso fez saber que o sabor que fica na boca é fruto do cuidado na seleção e preparação, mas é também ajuda diária para quem tem de por a mesa todos os dias.

 

Olhando para a gastronomia numa nova perspetiva, a 3ª edição de Mulheres com Tomates trouxe a lume o seu impacto como ferramenta de transformação social. Como plataforma agregadora da diversidade e facilitadora da inclusão e da formação na construção de uma sociedade melhor.

Foram apresentados projetos, com modelos diferentes de intervenção, que têm em comum a gastronomia, a alimentação, a cozinha como motor na melhoria da vida de muitas pessoas.

 

Adriana Freire deu voz à Cozinha Popular da Mouraria uma cantina social e Muita Fruta, um projeto que aproveita as frutas das árvores dos espaços urbanos para compotas e doces. Falou da paixão e da emoção como força motriz para desbloquear a complexidade burocrática inerente à criação destas iniciativas, mas defendeu que para levar este tipo de projetos para a frente é absolutamente necessária uma visão de gestão para que se tornem verdadeiramente sustentáveis.

 

Florencia Salvia, gestora de parcerias corporativas da Associação Crescer, explicou como estão a integrar no restaurante “É um Restaurante” pessoas que antes viviam na rua, sem quaisquer objetivos, Francisca Gorjão Henriques, da Associação Pão a Pão e do restaurante Mezze, falou-nos das suas experiências de formação e emprego a refugiados do Médio Oriente e Martín Habiague apresentou o projeto catalão Mescladís e o programa Cozinhando Oportunidades que une pessoas, arte e cultura à volta da cozinha. O seu testemunho centrou-se na defesa da criação de condições de trabalho, para garantir mais oportunidades de empregabilidade para as franjas sociais ou pessoas em fase de transição de vida. Estes projetos revelaram ser bons exemplos de como se pode apostar com sucesso na preparação de pessoas válidas para o mercado de trabalho sem receios de nenhuma das partes envolvidas.

 

Hunter Halder, responsável pelo movimento Re-Food falou de como se converte o desperdício alimentar em refeições e de como cada pessoa é a chave para manter vivo o movimento. Numa descoberta do outro e de si própria ao entregar parte do seu tempo a recolher, acondicionar e distribuir refeições. Revelou a dificuldade no compromisso e a volatilidade do tempo disponível que temos hoje em dia, apenas gerível com estruturas fortes e bem organizadas.

 

Há uma preocupação dos mentores em geral, em traçar um caminho de entreajuda bidirecional, que não se limite à simples caridade, mas que seja uma troca saudável de energia entre pessoas que necessitam efetivamente umas das outras - uma boa refeição servida num espaço agradável, com pessoas especiais, que dão tudo para satisfazer os clientes;  clientes que programam ir àqueles espaços porque efetivamente gostam de tudo o que lhes é oferecido lá e ainda têm a oportunidade de ajudar a fazer crescer e a transformar as vidas daquelas pessoas. No fundo, estão a alimentar-se reciprocamente, como bem o defendeu Francisca Gorjão Henriques.   Também a propósito desta ajuda nos dois sentidos, Halder Hunter referiu que o Projeto Refood funciona, não só porque está suportado por um modelo sistematizado, que funciona, mas acima de tudo, porque tem o condão de “juntar a fome com a vontade de comer”, isto é, ao mesmo tempo que satisfazem uma necessidade vital a quem precisa, os voluntários estão a ser alimentados pessoal e espiritualmente, o que traz mais felicidade a todos, evitando desperdícios e ajudando a preservar o planeta. É que  nestas coisas da Alimentação, tudo conta.

 

Se tivéssemos em mente toda a riqueza que encerra uma mesa, tornaríamos a hora das nossas refeições em momentos sagrados!